Abismo Vivo

Imagem de Solaria


O Abismo Vivo é uma gigantesca fenda no tecido da realidade, uma abertura que se estende além da percepção humana e da compreensão comum. Seu tamanho é incomensurável, um poço sem fundo cujas bordas se perdem nas profundezas do desconhecido, onde o horizonte desaparece e o espaço parece se curvar sobre si mesmo. Aqueles que se aproximam dessa fenda não conseguem ver o fim; a sensação de extensão infinita é tal que os sentidos humanos são incapazes de processar a vastidão do que se esconde ali. Sombras que não pertencem ao mundo natural dançam na sua superfície, assumindo formas distorcidas e erráticas, parecendo ganhar vida própria enquanto se movem, como se estivessem conscientes e ávidas para se libertar de seus confinamentos.

Diz-se que o próprio Abismo respira, exalando uma pressão constante que parece pressionar contra o corpo e a mente daqueles que ousam se aproximar. Há algo orgânico nesse abismo, como se ele fosse um ser vivo, uma entidade que se alimenta das energias ao seu redor, absorvendo a essência das coisas que se aproximam demais. Aqueles que se aproximam por tempo suficiente podem até sentir uma sensação física, como se o abismo estivesse puxando seu ser para dentro, um sugestionamento mental que vai se tornando cada vez mais forte conforme a pessoa se aproxima do seu centro. Os sussurros são uma constante, e muitos que tentaram ouvir as suas profundezas falam sobre uma melodia fantasmagórica que ressoa nas fendas mais profundas do abismo. São murmúrios que se misturam ao vento, mas que carregam consigo uma essência atemporal. Alguns acreditam que esses sussurros não são apenas ruídos vazios, mas sim as vozes de almas perdidas, de entidades esquecidas, ou até mesmo de seres que um dia ocuparam o abismo e que, agora, chamam aqueles que se atrevem a escutá-los.

A lenda diz que o Abismo Vivo é um portal para outra dimensão, um lugar onde as leis da física e da realidade são maleáveis e onde os próprios deuses sombrios ou entidades cósmicas de pura malícia se escondem. As histórias que circulam entre aqueles que estudam o abismo falam de seres imortais, monstros de uma natureza indescritível, que habitam as profundezas e que aguardam o momento certo para emergir. Não são apenas demônios ou criaturas físicas que habitam o abismo, mas também entidades etéreas e invisíveis, que se alimentam das emoções humanas mais profundas, como o medo, a loucura e a desesperança.

Vários aventureiros e estudiosos das artes sombrias tentaram explorar o Abismo Vivo ao longo dos anos, buscando entender seus segredos, ou em uma tentativa vã de conquistar o poder que acredita-se residir em suas profundezas. No entanto, raríssimos retornaram, e esses poucos que ousaram retornar são profundamente alterados pelas experiências que viveram. Muitos dizem que a própria presença do abismo altera a percepção da realidade, que uma vez que a mente humana adentra aquele lugar, ela nunca mais será a mesma. Para os que retornam, as memórias do que viram se tornam fragmentadas, e eles muitas vezes falam de uma força invisível que puxa sua essência para o fundo sem fim da fenda. Este poder é descrito como algo que não pode ser combatido ou compreendido, como uma gravidade mental que suga a vontade e a sanidade do explorador, afastando qualquer noção de controle ou fuga.

Os relatos daqueles que voltaram falam de criaturas espectrais que emergem das sombras e das névoas do abismo. Elas são descritas como formas vazias, quase incorpóreas, demônios que devoram a sanidade dos incautos que se perdem em sua presença. São seres de pesadelos, entidades que não precisam de formas físicas para causar dor e sofrimento. Elas não atacam de maneira direta, mas trabalham de forma insidiosa, entrando na mente do viajante e invadindo seus pensamentos mais profundos, revelando medos que nem ele sabia que existiam. Essas criaturas, chamadas de Espectros do Abismo, não têm interesse em matar, mas sim em destruir mentalmente, corroendo a mente dos exploradores até que restem apenas cascas vazias de homens e mulheres que um dia foram. São como parasitas psíquicos, que se alimentam das fragilidades da mente humana, criando um ciclo de dor sem fim, onde as vítimas permanecem eternamente perdidas nas profundezas do abismo.

A natureza do Abismo Vivo é um mistério profundo, com poucos ousando afirmar com certeza o que ele realmente é. Para alguns, ele é um portão para o que há de mais terrível no universo – um lugar onde as leis da realidade se distorcem, onde as criaturas fora do tempo podem existir sem restrições. Para outros, o Abismo é simplesmente uma manifestação do caos primordial, um lugar onde as trevas e as sombras dominam e onde a existência em si está em constante ameaça de desintegração. Muitos estudiosos acreditam que o Abismo Vivo é, na verdade, uma prisão cósmica criada para manter aprisionadas essas entidades de outros mundos, deuses sombrios ou forças interdimensionais que poderiam destruir ou consumir toda a realidade, caso fossem liberadas.

Independentemente de sua verdadeira natureza, o Abismo Vivo é um lugar temido por todos. As lendas afirmam que a fenda nunca ficará fechada, pois é um buraco no tecido da existência, uma falha imparável que desafia as leis da natureza e do tempo. Muitos afirmam que, mesmo que o abismo seja fechado ou selado, ele continuará a existir de maneira invisível, esperando pacientemente para se reabrir e para consumir aqueles que tiverem coragem – ou a loucura – de se aproximar dele novamente.

O Abismo Vivo, em sua essência, não é apenas um lugar físico no mundo de Celestian ou de qualquer outra dimensão. Ele é uma manifestação da própria essência do medo, da perda e da loucura, algo que existe além do que qualquer ser humano pode compreender plenamente. Aqueles que buscam o poder que se esconde em suas profundezas devem estar preparados para enfrentar não apenas as criaturas físicas que habitam o abismo, mas também o próprio vazio que ele representa. Pois, ao tentar explorar esse portal para o desconhecido, o que muitos não percebem é que, em última análise, o Abismo Vivo não se alimenta apenas das almas, mas também das esperanças e dos sonhos de todos os que se atrevem a olhar em seu fundo.

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