Pedras de Fen'Karr

Imagem de Solaria


No coração silencioso da floresta de Dullaskus, onde os raios do sol filtram-se entre galhos retorcidos como lâminas de luz ancestral, ergue-se um conjunto enigmático de formações rochosas conhecido pelos híbridos como as Pedras de FEN’KARR. Antigas e cobertas por musgos dourados, essas rochas não são simples fragmentos da terra — são vestígios sagrados de uma época esquecida, marcadas por lendas, segredos e forças que poucos ousam desafiar.

As pedras não seguem um padrão natural comum. Dispostas em círculos concêntricos, espirais perfeitas e trilhas que parecem mudar sutilmente de lugar, elas formam uma espécie de labirinto espiritual vivo, que se transforma conforme a alma de quem o atravessa. Há caminhos que levam à sabedoria, outros à loucura. Apenas os atentos conseguem notar os símbolos entalhados em suas superfícies: marcas de garras, runas antigas e figuras híbridas com olhos vazios, que parecem observar em silêncio aqueles que ousam pisar no solo sagrado.

No centro da formação principal repousa a Pedra do Caçador, a mais alta entre todas, apontando para o céu como um dedo esculpido pela própria natureza. É nela que, segundo a tradição oral dos híbridos, repousa o espírito de Fen’karr, o lendário caçador da era primordial. Dizem que Fen’karr não era apenas um guerreiro — ele era o primeiro a compreender o equilíbrio entre os instintos animais e a razão humana, um símbolo do que significa ser verdadeiramente híbrido.

A lenda conta que Fen’karr desapareceu na floresta ao perseguir uma criatura das sombras que ameaçava sua tribo. Nunca mais foi visto. No entanto, quando os primeiros círculos de pedras começaram a surgir — sem sinal de ferramentas ou mãos mortais para moldá-los — os anciãos souberam: ele havia transcendido. Seu corpo pode ter sido levado pelas raízes da floresta, mas seu espírito se fundiu à terra, tornando-se o guardião eterno daquele domínio sagrado.

Aqueles que entram nos círculos com o coração puro e o propósito claro podem, se forem julgados dignos, sentir a presença de Fen’karr. Alguns relatam ouvir o tilintar distante de flechas sendo preparadas, o som suave de passos felinos na vegetação, ou a sensação de estarem sendo observados com respeito silencioso. Outros afirmam ter sido guiados por uma figura encapuzada de olhos brilhantes, que aparece apenas para os verdadeiramente necessitados — não para conceder respostas, mas para ensinar a ouvir os sussurros da floresta.

Mas nem todos que adentram as trilhas das Pedras retornam. Há relatos de viajantes que se perderam em caminhos que não existiam antes, ou de pedras que se moveram silenciosamente durante a noite, isolando os imprudentes. Alguns dizem que a alma de Fen’karr ainda testa aqueles que tentam cruzar seu território sem reverência, conduzindo-os a enfrentar seus próprios medos ou a caminhar eternamente em círculos espirituais até que compreendam a lição oculta.

Para os híbridos, as Pedras de FEN’KARR não são apenas um lugar — são um rito de passagem, uma provação viva onde a floresta observa, julga e purifica. Guerreiros em treinamento, xamãs em busca de visões e líderes espirituais visitam esse lugar em busca de orientação, força e equilíbrio.

A floresta guarda os segredos de Fen’karr. Suas pedras são o idioma da alma. E para aqueles que escutam com atenção, o próprio espírito do caçador ainda caminha entre os troncos e sombras, ensinando o verdadeiro significado da fusão entre fera e razão.

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